Manuel Morais, um incómodo numa PSP racista?
Solidariedade com o agente Manuel Morais
A situação exige atenção e intervenção do Estado de Direito Democrático.
Quando há um governo e um ministro que se demite de repôr a legalidade do Estado Democrático na PSP, quando um director geral enfrenta um governo e um primeiro ministro duma forma inaudita, e humilhante, publicamente e nada acontece, estamos a dar cobertura a que a corporação se transforme em quê?
- Num organismo armado, de "cowboys da extrema direita", como se ouve por aí, exagerando, onde as leis da República não se aplicam e onde a impunidade só não serve para quem denuncia essas situações, incluindo o racismo e a xenofobia, e defende as leis e a legalidade democrática?
Como filho de um membro da corporação, que a conheceu bem, e viveu um pouco no seu seio, estou convencido de que "comissários políticos" da extrema direita há tempos a esta parte decidiram tomar a PSP por dentro.
As provas são irrefutáveis.
Movimento que não será novo, antes inorgânico, mas que agora assumiu proporções inaceitáveis, a nível do Estado de Direito Democrático, inclusive, quiçá, a nível hierárquico, para não entrar em mais pormenores.
Até quando pode um estado democrático permitir tal subversão sem que isso se reflita na vida quotidiana dos e das cidadãs?
Até quando, um ministro que anda sempre "distraído" vai deixar estas afrontas sem consequências? Caso que não é único, o demissionismo de intervenção por parte da tutela em vários casos denunciam um ministro ausente, sem autoridade.
Aqui fica a minha solidariedade aos bons profissionais da corporação, gente boa, bons profissionais, dedicad@s e esforçad@s, inclusivé no trato com a população, que aguentam arbitrariedades e desrespeitos por parte de alguma produção legislativa, lesiva dos seus direito profissionais e pessoais. , que não se deixam manipular por oportunistas que do exterior se fazem muito solidários com óbvios interesses políticos e partidários, e a quem tem de ser feita justiça.
A minha solidariedade, também, para com Manuel Morais, alvo de perseguição daqueles que querem fazer da corporação um feudo "privado" de uma ideologia extremista, à margem da lei, e do Estado de Direito.
Não nos calaremos sem que questões como a extinção do SEF e a sua substituição por outro serviço e sem que a legalidade democrática e as leis da República na PSP, e no respeito pelos seus profissionais, sejam uma realidade.
"Há muito que Manuel Morais é perseguido no interior da corporação. As críticas que fez quando o deputado Ventura tomou conta da manifestação de polícias na escadaria da Assembleia da República valeram-lhe um processo disciplinar. Agora, porque Manuel Morais considerou, num texto no Facebook, que o deputado Ventura era uma “aberração” e defendeu a “decapitação” das ideias fascistas na PSP, foi castigado com 10 dias de suspensão." escrevia Carlos Narciso em "Duas Linhas"
"Não é a primeira vez que os seus comentários contra o racismo lhe trazem punições dos seus pares. Depois de 30 anos como dirigente na Associação Sindical de Profissionais de Polícia (ASPP), em 2019 Manuel Morais foi afastado por causa das suas denúncias sobre racismo na PSP." escreve no Público Nuno Ferreira Santos.
"Manuel Morais apresentou como testemunhas abonatórias o ex-ministro da Administração Interna, Rui Pereira, a candidata à presidência da República, Ana Gomes, e o juiz António Colaço, e pôs em causa a decisão da PSP alegando que violava alguns princípios como a liberdade de expressão, a igualdade e a proporcionalidade." refere ainda o Público.
Uma coisa eu sei, se meu pai ainda fosse vivo, ele que sempre respondia pelo seu número mecanográfico de agente, que eu memorizei, até hoje, com saudade e carinho, o 5319, ficaria triste, desgostoso, envergonhado, de ver a sua corporação chegar a este estado.
Ele sempre orgulhoso do seu dever, com a rectidão da sua intervenção pública profissional, que o levou, ainda no tempo da "outra senhora" a autuar um carro oficial, de um ministro, dizia ele, por estar mal estacionado, perto da 2ª esquadra, à época, porque a lei era igual para todos, coisa difícil de entender naqueles tempos, e que não deixou de lhe trazer alguns dissabores, internos, ao não ter abdicado da punição, mesmo com insistentes pressões.
Afinal a lei era ou não para todos e todas? Com ele foi!
Louvo esta "fibra", esta correcção, esta coragem, na defesa do interesse público, porque sei que existe em muitos bons profissionais da corporação, e conheço bastantes.
Manuel Morais estará entre eles, estou seguro.
Entender-se-ia muito bem com meu pai, certamente.
Francisco Colaço
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