Soberania e futuro.........onde???!!!
As empresas nacionalizadas em certa altura foram um desafio para os agentes da recuperação capitalista da economia portuguesa PS-PSD/CDS. Que fazer, terão pensado?
Nacionalizada no dia 10 de Julho de 1975..............
Transformaram o IPE-Investimentos e Participações do Estado, onde estavam as participadas como a COVINA, em Instituto com uma estratégia, que com base nas nacionalizadas, era promover, apoiar e favorecer o surgimento de concorrência privada, menos na produção de vidro em chapa.
Compraram-se umas empresas privadas com os capitais públicos, sem entender bem qual a estratégia; o sector transformador da COVINA perdia mercado para as concorrentes que se iam apoiando, até que se começam a encerrar os sectores de transformações e a despedir gente.
Depois da destruição desse sector entrega-se esta estratégica empresa, que tinha tido um Investimento de 12 milhões de contos num forno Float novo ao monopólio Saint Gobain, que detinha já 20% do capital da empresa e que não tinha sido nacionalizado.
Entretanto a estrutura técnica superior sempre foi terreno para muitos "boys" de algumas clientelas irem sendo colocadas.
Logicamente que o forno encerra o seu ciclo de vida e necessitava de ser "sangrado" e recuperar a produção depois de reparado. Tal não aconteceu. Foi encerrado, com mais despedimentos.
Portugal deixou de produzir vidro em chapa, definitivamente e passou a importar. Os monopólios europeus consolidaram o seu controlo.
Os sectores privados transformadores desenvolveram-se e dependem agora desses monopólios produtores para a sua laboração.
O que foi a COVINA servirá qualquer dia para um parque temático da arqueologia industrial.
A cooperativa de consumo, onde comprei o meu primeiro frigorífico, pago em prestações, sem juros, fechou, o bar, salão de jogos, CCD/INATEL está em ruínas, o refeitório emparedado onde já existiram janelas e vidros.
No Bairro da COVINA, onde vivi, os vizinhos vão "partindo" e outros já muito idosos ainda por lá estão, os filhos e herdeiros habitam outras casa, com a "ausência" dos progenitores.
A escola primária serve os poucos meninos desta nova geração. Os edifícios que serviram de creche aos filhos dos trabalhadores, estão igualmente em ruínas.
A dependência da economia portuguesa do exterior é quase total, em bens e produtos e economicamente, do turismo, quando não há pandemia, claro!
Estaremos destinados, geracionalmente, a ter de sair de Portugal para termos uma carreira de futuro, procurando as empresas europeias e por outro lado os restantes, que ficam, serão todos "copeiros" da invasão turística massiva?
Não vejo qual seja o projecto estratégico que sirva aos portugueses e a sua gente.
Porque esta economia de casino não serve.
Muitos ainda estarão à espera do "prometido socialismo", não sabendo que isso não vem por decreto, nem por decisão governamental.
Lembrando um conselho de militares de Abril na cooperativa da Torrebela nos idos de 70, perante os pedidos de legislação para as ocupações e para as cooperativas....pedidos pelos operários agrícolas.........."Não se preocupem, vocês façam o que têm a fazer na defesda dos vossos interesses, depois as leis legalizarão o que fizerem"........vivia-se uma revolução...........grosso modo, com o socialismo é algo assim.....uma construção das pessoas, dos e das trabalhadoras com tudo o que "isso implique", que depois já se criarão as leis...........o Socialismo é fazer, é agir, é movimento, é tomar o destino nas próprias mãos.....não é nenhuma dádiva, promessa ou legislação constitucional prévia.......acreditar nisso é que deu nisto que agora temos.......
Era só.
Francisco Colaço
(trabalhei na COVINA 20 anos, fui delegado sindical e membro da sub-comissáo de trabalhadiores, depois de por assédio e perseguição pessoal me terem provocado um grave problema de saúde, estando meses de baixa, foi-me proposta a "rescisão amigável" como solução - na altura o sindicalismo era só para as coisas básicas e colectivas - não tive nenhum apoio à altura da perseguição que me foi movida, desde não me atribuirem funções, durante meses, até me imporem funções de estatuto inferior com controlo ao minuto, pelo próprio administrador, já na fase da recuperação capitalista, em plena fase cavaquista. Saí da empresa em 1999).
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