Hidrogênio: o capitalismo contra o avanço tecnológico

Hidrogênio: o capitalismo contra o avanço tecnológico



No começo da indústria dos carros elétricos existiu uma “batalha” por parte das empresas petrolíferas para se menosprezarem os carros elétricos, pois o capital das petrolíferas poderia estar em risco. 

Com o tempo, empresas focadas na exploração de lítio, na produção de baterias e carros elétricos, foram-se estabelecendo, criando raízes cada vez mais profundas na sociedade capitalista atual, com a ajuda da publicidade, em torno do facto de os carros elétricos não produzirem CO2, sendo, assim, um modo de transporte amigo do ambiente.

Esta publicidade permitiu que os problemas ambientais causados pela exploração de lítio, que torna todos os terrenos em torno da exploração inabitáveis para as plantas e animais, contaminando os solos e as águas, pondo em risco os recursos das gerações futuras, fossem colocados em segundo plano, assim como o facto de as baterias terem um limite de vida, e do facto de só 5% das mesmas serem recicladas, no momento.


Tudo isto ajudou a criar empresas com dimensões muito próximas das empresas petrolíferas.

Em 2019 a produção de lítio foi de 77 mil toneladas e é esperado que em 2024 seja o dobro. O lítio, também conhecido por “white gold” (ouro branco), já originou empresas como a Jiangxi Ganfeng Lithium, uma empresa de exploração, com uma capitalização de mercado, em 2019, no valor de 27.38 mil milhões de dólares, quando a nossa Galp tem uma capitalização de mercado de 8.57 mil milhões de dólares. Há empresas onde o crescimento é exponencial, como o caso da Albermarle, que, em 2019, tinha uma capitalização de mercado de 16.73 mil milhões e hoje é de 28.20 mil milhões de dólares, um aumento de mais de 11 mil milhões de dólares em 3 anos.

Recentemente certas marcas automóveis começaram a apostar no hidrogênio, que, esta sim é a alternativa verde que tanto procuramos. O hidrogênio é o elemento mais abundante do universo, é estimado que 75% da massa de todo o universo é constituída por hidrogênio, logo acabar com esta fonte de energia é impossível.

Para um carro andar é utilizado H2 (2 átomos de hidrogênio) que reagem com o oxigênio. Essa reação liberta energia que é utilizada para a produção de eletricidade e assim permitir a uma viatura funcionar como qualquer outra, sendo o produto final da reação H2O, ou seja água no seu estado puro, não havendo a libertação de qualquer tipo de gás poluente.


O problema é que esta forma de energia limpa vem ameaçar as petrolíferas e as empresas em torno do lítio e carros elétricos. De momento não existe nenhuma empresa focada na captação de hidrogênio na bolsa de valores. Só empresas que produzem outros produtos, como químicos industriais, acabando sempre por haver alguma poluição na sua laboração.

Publicamente, Elon Musk, disse que “baterias de hidrogênio" são uma estupidez. Para além de Elon Musk ser o dono da Tesla, uma das empresas com a maior capitalização de mercado do mundo, acaba, também por ser uma das pessoas mais influentes do mundo, e os carros a hidrogênio são uma ameaça para a sua gigante Tesla, logo toda a indústria dos carros elétricos e indústria petrolífera, não vão facilitar os avanços e comercialização dos carros a hidrogênio, sua alternativa concorrencial.


Atualmente, estes carros não são comercializados em Portugal, pois não há como os abastecer, mas mesmo os países com mais postos de abastecimentos de hidrogênio, estão longe do que deveria de ser a realidade. Em 2020 a Alemanha tinha 84 postos de abastecimento, a França 15, a Dinamarca 8, Países Baixos 5 e Suécia 5, e estes 5 países são os 5 com mais pontos de abastecimento para carros movidos a hidrogênio, o que torna a sua comercialização praticamente impossível.  


É verdade que o hidrogênio é extremamente inflamável, e essa pode ser um argumento por parte das indústrias concorrentes, mas, os depósitos de hidrogénio são testados ao limite de forma a existir a maior segurança possível para o condutor e passageiros, e não esquecendo, por outro lado, que o lítio também é extremamente reativo e os derivados do petróleo inflamáveis.

Agora, é a vez de se começar a financiar e ajudar a indústria dos carros movidos a hidrogênio, para facilitar a sua comercialização e combater as ilusões criadas pelas gigantes capitalistas dos carros elétricos e da indústria petrolífera.

Nunca existiu um carro tão verde como o movido a hidrogênio.


O capitalismo já contribuiu para um rápido avanço tecnológico e para a democratização na acessibilidade de bens, noutras épocas, mas nesta actual, está a ser contraprodutivo, pondo em risco as gerações futuras, colocando só o lucro acima do ambiente e do progresso."




  

Artigo de opinião de Bruno Miguel Devesa Vieira, candidato independente à Assembleia Municipal do Cartaxo pelo Bloco de Esquerda.



fontes:

https://www.nsenergybusiness.com/features/largest-lithium-mining-companies/

https://finance.yahoo.com/news/15-most-valuable-lithium-companies-144231867.html

https://finance.yahoo.com/quote/TSLA/

https://investmentu.com/green-hydrogen-stocks/

https://www.eafo.eu/alternative-fuels/hydrogen/filling-stations-stats

https://finance.yahoo.com/quote/ALB/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrog%C3%A9nio

https://www.forbes.com/sites/forbestechcouncil/2020/11/02/its-time-for-elon-musk-to-admit-the-significance-of-hydrogen-fuel-cells/?sh=1515e89a20f6


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