Eles "andem" por aí ! Cuidado!

 Eles andam por aí....

Na sequência da Revolução de Abril, não faltaram "grandes quadros", "grandes" intelectuais, a alinharem com os tempos de feição na febre revolucionária, por vezes, meninos das classes dominantes, mas que se "radicalizaram" e outros de carácter mais utilitaristas, querendo só "servir"......será?

Era muito jovem, bebi esses tempos como uma realidade definitiva, dada a ingenuidade própria da idade.

E observava alguns grandes "oradores", boas intervenções, bons discursos. Era o que a malta queria ouvir.....

Alguns confidenciavam-me, em privado, que o que os movia eram projectos pessoais. Mas a mim, adolescente, isso não entendia, eu, o que tal queria dizer.

Hoje, sei-o, o meu "projecto" ou forma de adesão ao chamado PREC, era de facto colectivo, nada de individual.

Seguindo a trajectória de alguns desses esbirros das classes dominantes, opino que se tentaram manter à tona das águas, à época, claro, com algum entusiasmo à mistura, buscando visibilidade e alimentando o ego.

O PREC era só um meio, ou um mecanismo para a projecção.

Alguns, provavelmente, candidatos a "queridos líderes", se a situação, a tal, fosse favorável.

Mas como o PREC não durou muito, como foi o passo seguinte?

Afastam-se rapidamente das organizações partidárias a que tinham aderido, que eram aquelas de projectos mais totalitários, obviamente, que lhes poderiam garantir a "dominância".

E como havia que criar uma narrativa coerente, para a brusca mudança, entendível para o exterior, busca-se algum suporte filosófico afim.

Filósofos não faltavam, e com um mecanismo conveniente, associações ou clubes de "pensadores", com um nome pomposo, indicativo, como centro operativo, e chamando a atenção mediática, seria a narrativa e o enquadramento perfeito.

Aparecem, pois, como intelectuais "não alinhados" em busca de "colocação", e a direita, por outro lado, recuperando de uma derrota histórica da Revolução de Abril e fraca de intelectos mediáticos, abraça-os com as duas mãos.

E vão fazendo a sua carreira, à medida que a contra-revolução democrática avança, continuando com o projecto pessoal, como ministros, professores universitários, investigadores financiados por grupos económicos, e até mesmo, quase a maioria, "comentadores televisivos", alguns com o pomposo nome de "politólogos" seja lá isso o que seja ...

Existia esse balanço por fazer, que nos envergonha a todos, creio, como país, de em tais trajectórias termos "ilustres pessoas".

Engane-se quem quiser, a mim nunca me enganaram. Consciência de classe? Pode ser, mas isso não explica tudo, creio que quem generosamente assume tais desideratos, como sonho colectivo, cedo percebe quais os projectos individuais que por aí pululam na "praça mediática dos e das carreiristas".

São os "remanescentes fingidos" e "servilistas" do PREC, mas que mudaram de "motivação", para os novos ventos, mais promissores.....assim que a coisa virou.

Fiquem bem e continuem atentos.......

A vida continua......

Eles ainda andam por aí..........

numa qualquer "porta giratória" da vida política e da carreira.....

Francisco Colaço

28/10/2022