"Manifesto da Inquietação do século XXI"

 Há países, por vezes, a viverem "loucuras colectivas".... porquê?

Muita desigualdade, muita gente a viver nas margens ou fora delas, insensibilidade do poder político, que se fica pela declaração de intenções ou propaganda, alheamento das estruturas partidárias do comum dos e das cidadãs, umas nomenclaturas instaladas e servirem-se do sistema, a vários níveis da sociedade, o que impulsiona o estancamento da mobilidade social, corrupção generalizada e impune, altos níveis de abstenção nas diversas eleições, e falta de futuro para as novas gerações.

Toda a esquerda é incapaz de perceber o que se passa, por dinâmicas esclerosadas e de auto-gestão dos seus próprios interesses, porque está "instalada".

Surge o populismo de extrema direita, pago e financiado por quem acha que chegou o momento da retirada de direitos e conquistas democráticas e que ninguém as irá defender.

Qual a táctica? Muito barulho, críticas contra todas as situações apontadas, com aparente indignação, nivelamento do discurso político pelo mais básico e primário chegando a todos esses sectores sociais que o sistema sempre desprezou no seu deslumbre da governação cheia de competentes carreiristas, individualistas, neo-liberais.

Criticam tudo, tentam ser a voz das margens sociais, que a esquerda abandonou, para aumentarem o seu poder representativo, mas não têm nada para propor.....a não ser autoritarismo, o racismo, a xenofobia, o machismo, dividir todos, para fabricar um chefe/ditador que se sobreponha a tudo e todos. Sempre financiados pelo capital "neo-esclavagista", como na Alemanha e na Itália fascista nos principios do século passado...

Eles querem a desregulamentação laboral e social, a volta do mercado de trabalho selvagem, e a grande descida de rendimentos. Isso não o dirão agora, agora estão numa de crescer de influência, por isso é só críticas a tudo e a todos, mas quando chegasse a altura de aplicarem o seu programa político, e suas bases se levantassem, utilizariam a receita de Hitler para com as SA, aniquilamento fisico, para consolidar a verdadeira lei do capital selvagem.

Por isso os seus estatutos concentravam o poder do seu partido todo no chefe, no "conductor", para prevenir questionamentos internos....e de congresso em congresso até afunilarem todo o poder numa só figura autocrática, prevenindo questionamentos internos.

Não são um partido democrático, estatutariamente, como já ditou o Tribunal Constitucional, nem são defensores do sistema democrático, como sempre referiram. Mas cresceram, apesar de tudo!!

Mérito próprio?

Nem tanto. Demérito de uma esquerda que se ausentou da sociedade e da realidade, fascinada com o parlamento, com os jogos parlamentares, com os cargos de assessores e afins, com as nomenclaturas internas e com os organigramas internos, inventados para as justificar.

Demérito da esquerda, que adormeceu fascinada com as benesses da aproximação ao poder e mérito de uma extrema direita, bem financiada e atenta à ausência e isolamento da esquerda.

Estejamos atentos, porque eles estão, e, assim, talvez haja necessidade de alguns re-arranjos orgânicos proximamente.

Defender e aprofundar a democracia, direitos e conquistas também será nas ruas e no enfrentamento com o capitalismo e com os seus cães de fila, os neo-fascistas. Mobilizar é uma das saídas.

A democracia e as liberdades democráticas dependem desse, constante, combate cidadão.

Preparemo-nos, então......

Francisco Colaço